quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Desfloras-me desfloro-te


Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter.

Adília Lopes
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=1658

As imagens e as memórias


Musgo do presépio

Infância, musgo do presépio.
Que numa ruinosa pedraria recolhíamos.
A humidade doce em corpo agreste.
E que, em concha e fila indiana, seguia para acomodar,
de barro, a Sagrada Família. Que se acabou.

Pedro Mexia
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=275

Voltemos à contagem dos erros

Profissão de pé

Na ausência duma razão para estar aqui,
podemos sempre contar com o corpo,
o algodão das palavras, este copo de vinho,
o desafio da virtude no asilo das artes.

Ou, se quiseres, um cibo de erva
na mortalha para melhor contemplação
dos limites, da caca de pombo estrelada
nas telhas, abaixo de nós.

Que nos falta para viver uma festa?
Quase nada, reconhece. Talvez companhia,
um pouco menos de ruído, não sei,
cancelar de vez a assinatura do mundo.

José Miguel Silva
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=1657

Do erotismo às vísceras


Fascinam-me essas ondas, bem como uma pedra às mãos
de quem procura abrir nela um sorriso, o céu
que neste poema sei subentendido e apenas
aos olhos de um rapaz a paixão trouxe num brevíssimo
crepúsculo antes de ganhar velocidade e, nos meus ombros,
as mãos desse rapaz quase de rapariga prontas
a voar.

Luís Miguel Nava
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=112&l=2769

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A noite cai sem estrelas no coração vazio


No more sunshine
No more blue sky

Only sadness and disgrace

Tne sun rises in the beach,
the waves say me

Juliet, good.bye forever
no more, my beloved Romeo
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=5&l=2765

Dívida de coração


Candeeiro da noite, meu tão sereno confidente,
que nunca me puseste a nu o coração;
(talvez essa nudez nos perdesse); mas o declive
da vertente sul ficou ligeiramente iluminado.

Permaneces, ó candeeiro de estudante,
quem faz o leitor, de te
parar, admirado, e perturbar-se
com o seu livro, olhando-te.

(Tua simplicidade até pode diluir um Anjo)
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=2&s=38&l=1777

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Trabalho de menino é pouco, quem no despreza é louco


Um texto urgente q.b. para que se inicie logo na própria capa do livro.
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=134&l=2763

Colectivos Poéticos


A data limite para a inscrição dos Colectivos Poéticos foi alterada para o dia 26 de Outubro 2012. Pedimos aos interessados que se inscrevam sem demora.


1.ª MOSTRA DE COLECTIVOS POÉTICOS

“OS POEMAS TÊM VENENO NA BOCA”

A Poetria e a Metamorphosis apresentam a 1.ª Mostra de Colectivos Poéticos, com o objectivo de criar uma plataforma própria para a divulgação dos inúmeros projectos de grupos ligados à arte de dizer poesia em Portugal.

Queremos revelar e celebrar vozes múltiplas para versos infinitos, procurar ritmos vocais e encontrar sinergias poéticas numa experiência coral de partilha permanente da nossa poesia.

Os Colectivos, cuja inscrição seja aceite, irão participar num grande recital poético, ainda em 2012, subordinado ao verso de Isabel de Sá “Os poemas têm veneno na boca”.

Lançamos o desafio a todos os grupos, mais ou menos formais, que se juntam em torno da poesia, para também se juntarem a nós nesta aventura poética.

Inscrições:

    .  Colectivos com um mínimo de 2 elementos e um máximo de 15 elementos;

  • Envio do nome, número de elementos e ficheiro com uma leitura pelo Colectivo;
          . Inscrição no valor de 10,00 Euros a liquidar directamente na Livraria Poetria.

 Para mais informações, contactar projectospoetria@gmail.com
 Co-produção: Poetria / Metamorphosis

sábado, 20 de outubro de 2012

O poeta não morreu.


para o Manuel António Pina

é certo que por vezes conversando
lutavas contra luas e olhos baços
semi-cerravas dextras as palavras tuas
como se nos morresses aos poucos
de temor e de ternura
inexplicadas

porém
acostumados ao vaivém do luto
que os teus poemas acendiam
nas duas extremas
do corredor
e em todas as portas do labirinto
ficamos sem saber quem se cansou
da fadiga que te trazia
violentamente inalterado
à nossa presença

pudera eu escrever
com a tinta do frio nas costas
e directamente sobre o tampo polido
de uma mesa do café onde esperar
esse tempo amigo que tu eras
passado a limpo

mas haja noite
haja mais noite
e nós crianças
em perda de sono
envelhecendo cada um na sua voz



Regina Guimarães
a 19 de Outubro de 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O triplo medo do amor


Nós e o mundo palpitante vamos passando
Por entre almas de homens que vacilam e cedem
Como pálidas águas na sua corrida de Inverno,
Sob estrelas que passam, espu,a do céu,
Vidas neste rosto solitário.

W. B. Yeats
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=2&s=59&l=2761

A Grécia não, que está desperta


Para que servem poetas se não podem
Nem delirar, se os textos do delírio
Serão tomados pelo seu contrário?

Hélia Correia
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=5&l=2760

Lua deitada, marinheiro em pé


A ilha não existe na cortina mapa-múndi do banheiro. Abre
a torneira da água
quente, depois a fria
segue viagem por continentes e desertos, vai
por uma linha de fronteira ao supor da espuma de sabão.

João Miguel Fernandes Jorge
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2759

Envelheço. É simples

Se pouso as mãos na tua pele
imediatos acidentes acontecem. Flores
brotam, pequenos terramotos,
incêndios, talvez revoluções
vertiginosas mudanças do clima
atrasos no horário dos transportes
gente urgente de beijar-se nas ruas. 

Bernardo Pinto de Almeida
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2758

Micro-ficção portuguesa


Depois me dirá do Vento e me contarás de que lado é que ele sopra, a velocidade a que ele vai, o que leva no caminho, as terras que ele arrasa, os olhos que lhe faltam, a bocarra que ele tem.

Sara Monteiro, 1961
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=112&l=2756

A força da poesia da América Latina


Entre tu e eu sempre se opõe,
por muito que tentemos ignorá-lo,
o antigo cortume que dispõe:
"todo o estranho ardor há que acalmá-lo".

Reinaldo Arenas (1943 - 1990)

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=2&s=42&l=2757

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Poemas ao pai


Enterro a mão na sombra.
E a lâmina invisível
trespassa-me o pulso
até à alma.
O sangue corre para o lugar
onde o teu corpo dorme.
Embebe a terra que te protege
o sono. Lá em cima,
a estrela de alva
vê brotar uma papoila de fogo.

Maria João Reynaud
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=4&s=98&l=1879

Fernando Pessoa nos anos 40


O que fazem realmente os escritores dos anos 40, de que maneira constroem a sua voz? Demarc ando-se de Pessoa? Escrevendo contra ele? Será possível, ou útil, referir os modos de marcação de uma diferença pelos "poetas fortes" desses anos?

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=112&l=2755

No coração, talvez


Tome-se um poeta não cansado.
uma nuvem de sonho e uma flor,
três gotas de tristeza, um tom dourado,
uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se reforce,
que um amor de poeta assim requer.

José Saramago
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2117



Se digo água, beberei? Se digo pão, comerei?


A pequena viajante
morria explicando a sua morte

sábios animais nostálgicos
visitavam seu corpo quente

Alejandra Pizarnik
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=2&s=32&l=898

sábado, 13 de outubro de 2012

Pedro Eiras lê BELADONA

No próximo dia 18 de Outubro, no Café Lusitano - R. José Falcão - Porto:

Pedro Eiras lê BELADONA do seu último livro: BELADONA E OUTROS MONÓLOGOS

"... até bem dentro do século XIX, costumavam deitar, nos olhos das cantoras de ópera antes de subirem ao palco e das jovens antes de lhes apresentarem um pretendente, umas gotas de um líquido destilado da beladona, uma planta da família das Solanáceas, com o que os seus olhos ganhavam um brilho arrebatador, quase sobrenatural, mas elas quase deixavam de poder ver".

UM GRANDE MOMENTO DE LITERATURA, ESSA ARTE SEMPRE PRESENTE NAS NOSSAS VIDAS.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Ai madre, moiro d'amor

Ai eu coitada!
Como vivo en gran desejo
por meu amigo
que tarde e non vejo!
Muito me tarda
o meu amigo da Guarda!

D. Sancho I (1154 - 1212)
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=14&l=533

terça-feira, 9 de outubro de 2012

1ª Mostra de Colectivos Poéticos



Desafiamos todos os COLECTIVOS POÉTICOS deste país a mostrarem os seus talentos!
A Poetria e a Metamorfosis juntam-se para dar a conhecer e (reconhecer) os melhores intérpretes da palavra poética. É um evento inédito que culminará numa festa da Poesia.

Seguem as condições de participação.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Para Antonia Pozzi


Hoje,
deixarei que sopre
um bravo vento
no coração. À janela

das coisas silenciosas,
os cães
hão-de ladrar-me

entre infância e morte
a poesia.

José Carlos Soares
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2749

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Rosas de todas as cores!

sáb.13 Outubro das 14h30 às 17h30
"Rosa"

Já um clássico desta Arte de dobrar papel. Para oferecer ou fazer lindos arranjos decorativos.

Esta sessão só se realizará mediante um mínimo de 6 inscrições. 
20€ com material e certificado de participação incluídos.
É necessário inscrição prévia.

Cumprimentos,
Alexandra

Na "Lótus&Lírios", Largo Alexandre Sá Pinto, 44 Porto
222010730  /  917451218

Cicuta dos dias


Não bebas o veneno
que entre nós havia
As flores dos olhos são a cicuta
dos dias

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=5&l=205

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Os poetas malditos


As preciosas mãos que foram minhas,
Pequeníssimas, sem defeito e elegantes,
Depois desses fatais enganos
E de toda essa pagã quinquilharia...

Paul Verlaine
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=2&s=48&l=2743

Súbito pássaro dentro das nuvens caído...



Procuro a tua mão sem contornos
mas quente;
Os teus olhos na noite desmanchados
mas profundos;
A tua voz por tantos lados repartida
mas pura;
O teu aroma repetido em tanta flor e tanta boca
mas suave;
A tua boca perturbada em tanta agonia tanto riso
mas vermelha;
O teu sorriso desenhado em tanta face
mas inefável;
Os teus passos pisando a terra toda
mas leves;
O teu coração batendo em cada corpo
mas livre...

Maria Valupi



A poesia não rima com a vida

Respiração de prata

És fingimento e lamento,
és fugaz ou és eterno,
verso amado, sofrido,
palavra que ondula na canção,
espírito indeciso,
corpo impopular.
Quem sabe se tens razão?
Respiração de prata
que embala a quadra
e geometriza a rima,
presumível inocência
assumida mea culpa,
palpite venal,
lugar comum doloroso.
A dita contemplação...
Uma barragem arterial.


Tens dono?

Se me souberes responder,
poema, 
ser-te-ei grato.

Mesmo que escrevas:
a poesia não rima com a vida.


Marco Dias
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2529

1ª Mostra de Colectivos Poéticos


12 de Outubro, Café Lusitano, r. José Falcão, Porto, 22h



Pedro Eiras lê BELADONA do seu último livro: BELADONA E OUTROS MONÓLOGOS

"... até bem dentro do século XIX, costumavam deitar, nos olhos das cantoras de ópera antes de subirem ao palco e das jovens antes de lhes apresentarem um pretendente, umas gotas de um líquido destilado da beladona, uma planta da família das Solanáceas, com o que os seus olhos ganhavam um brilho arrebatador, quase sobrenatural, mas elas quase deixavam de poder ver".

UM GRANDE MOMENTO DE LITERATURA, ESSA ARTE SEMPRE PRESENTE NAS NOSSAS VIDAS.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Literatura para que te quero?


O que pode a literatura? Que utilidade tem? Que papel?
Há coisas que só a literatura nos pode dar.
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=112&l=1000



Todo o tempo do mundo


Há muito tempo que o rapaz que não tira os olhos do chão percorre ruas e ruas de alcatrão indistinto. Está para lá dos limites da cidade. Há muito tempo que a rapariga que desenha não encontra mais estátuas para inventariar.

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=126&l=2736

Miopia e astigmatismo


Elisa tem um corpo sem olhos verdes onde o olhar se reflecte sem poder parar. O corpo abre-se ao menor contacto como uma carnívora colhendo dez moscas.

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=115&l=2735


Mudar a vida


Afirmação, saúde, amor, prosperidade, criatividade, sucesso, auto-estima, que mais se pode querer?

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=132&l=2734

Diz que é uma espécie de diário poético


Divago: podia reconhecer nas margens os barcos, sombras imperceptíveis e suicidas com olhos esverdeados - antes de fixar a expressão oculta daquela mulher verdadeiramente presente no fundo de si. Quase imóvel. Como uma ficção que escolhemos para escapar ao tédio.
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=128&l=2733

Como usar os dicionários


Com resumos de 220 estudos empíricos e 450 referências bibliográficas este é, a nível mundial, o panorama mais abrangente das pesquisas sobre o uso dos dicionários. São muito úteis, no final do livro, o índice de autores, a listagem cronológica das investigações e os quadros sinóticos desses estudos.
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=134&l=2732

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O gato e o rato


Sabem, tio e titi, estou a começar a sentir uma grande e quente sensação de afecto por mim que não tinha antes. Apercebo-me que sou o foco de atenção das esperanças e dos sonhos das pessoas e que através de mim vão cair ou surgir muitos destinos; se eu bloquear as estradas e queimar as colheitas milhões de pessoas vão sofrer.
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=6&s=107&l=2731

Confissões de adolescente


- Putinha, 18 anos, mulher. Quero trepar. Não penso em mais nada, quero trepar o dia todo. Não é de escolhas que eu falo, é de sexo. já ouviu falar?

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=134&l=2730

À senoite

estou óptimo stop cada vez mais liliputianos me visitam stop a maior parte esteve antes em nápoles onde visitou entrepostos lojas bazares estabelecimentos armazéns quermesses vendas stop alarguei horizontes fazendo massagens couro cabeludo stop fausto

Paulo Pego
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=349

Gil em verso

Milho verde, milho verde
Ah, milho verde, milho verde,
Ah, milho verde, maçaroca

À sombra do milho verde
Ah, à sombra do milho verde
Ah, namorei uma cachopa.

(Recolhida e adaptada por Gilberto Gil do folclore português)
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=4&s=99&l=582

Poesia toda, Herberto Helder


Dai-me um torso dobrado pela música, um ligeiro
pescoço de planta,
onde uma chama comece a florir o espírito.
À tona da sua face se moverão as águas,
dentro da sua face e4stará a pedra da noite.
- Então cantarei a exaltante alegria da morte.

(A colher na boca) - Herberto Helder
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2729


As esperadas palavras


Vestiram-me este vestido
para não mais o tirar,
acho-o curto, acho-o comprido,
mas não o posso cortar,
bem quero, mas não consigo
o vestido acrescentar.

Maria Judite de Carvalho
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=5&l=106

No silêncio da terra


Aprendi a morrer com as paisagens
e mesmo assim não sei renunciar.

Nuno Higino
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=203

Ecolinguística


Ecolinguística encara os factos da linguagem na sua dinâmica e nas suas inter-relações.

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=134&l=2728

Recado aos corações despedaçados


Sentados no banco de um jardim, comem gelados, ela lambe o seu com uma longa e sedutora língua, depois morde abruptamente...

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=6&s=107&l=2727

Jorge de Sena, sempre


Um trabalho de pesquisa dos mais importantes sobre Jorge de Sena e a sua obra, mas também uma "conversa" com este autor multifacetado - poeta, romancista, contista, dramaturgo, ensaísta, crítico, tradutor, intelectual de vanguarda, onde temas como humanidade, fidelidade, utopia, cidadania, desencanto, amargura, exílio, ironia, Portugal, são recorrentes.

http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=5&s=112&l=1566