Pálpebras
Podes fechar os olhos, é teu o olhar.
Vês cores luminosas que se movem exuberantes
no negro palco
onde espectadores cegos aguardam
a hora mágica.
Estilhaços de luz.
Poderíamos olhar de olhos fechados
a vida inteira
e dançávamos sonâmbulos
nas tuas finas pálpebras
- elas filtram fantasmas que ninguém vê!
Brincar docemente ao som transparente
tranquilo
pacífico
das tuas pálpebras
tão finas e frágeis, quase invisíveis,
que protegem meio olhar.
E mesmo que feches os olhos,
vês sempre qualquer coisa...
Mesmo que os feches com muita força,
vês mais.
O olhar é a maçaneta da porta,
a decisão de não ficar nem partir.
Basta ver uma vez.
Fecha os olhos e abre o peito.
Devagar, devagar...
Não vês?
Marco Dias
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=17&l=2529
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