segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Poema do bom neto



Ó vó, não te preocupes que eu arrumo a cozinha…
A campa do avò fica florida
A ida ao supermercado não é precisa
para comprar nestum com mel
venha um prato de garoupinha angolana sem picante
Está na mesa! Avó!
A avó fala no timbre que só ele compreende
Toma o teu chazinho, que tenho de estudar para terça
a antropologia dos meus bisavós
Depois comeremos figos pretos no restaurante 
em cima da toalha branco de papel
Vou colocar-te a cadeira a distância perfeita da mesa
para a tua corcunda não se curvar
a voz é forte, calma, sincera e maternalista
a esta voz a avó dá-lhe a mão
para atravessar a passadeira cor de toalhete
este não é neto de travessuras
é o neto da avó,
que lhe tira a barriga de todas as misérias

Marco Dias

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