quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Delírios e visões


Está um frio de cão, a hospedeira que me alberga não admite mulheres por isso vou dormir com Eva por sob o vão de um prédio, partilhamos um colchão com uns vagabundos que ali pernoitam. Tenho febre e há dias que não como, superei no entanto a angústia, já nada me importa, pressinto a morte mas não me preocupo, estou possuído agora por uma beatitude um pouco eufórica, deixei de me lavar, quando não estou possuído por visões deliro, as minhas funções fisiológicas reduzem-se ao mínimo, a minha carcaça alberga sonhos mal paridos e imprime-me um movimento pendular junto ao omnipresente abismo, transpiro pelos poros da alma.

Artur Rockzane

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