quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Florbela
A minha Dor
A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.
Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias...
A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e diasrezo e grito e choro,
E ninguém ouve... ninguém vê...ninguém...
Florbela Espanca
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=1&s=18&l=2682
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